Abrimos essa edição do Punctum com o vídeo de Bernardino Horne que é uma aula primorosa sobre a presença do analista sob a ótica do último ensino de Lacan. Ele explora em detalhes as consequências da “coisa incrível que é haver o Um” com os mistérios que estão implicados nessa mudança de perspectiva: o mistério do corpo falante, da união do significante com o corpo biológico, a existência de um gozo sem significante, para colocar em destaque o plano da presença do analista na relação com o gozo opaco do UM.

A série dos textos inéditos começa com uma preciosidade que é o texto de Flávia Cêra “Em estado de emergência”. Ela faz uma homenagem a Clarice Lispector, tomando emprestado o título do seu livro “Para não esquecer” que é usado como um fio que atravessa o texto de ponta a ponta abrindo brechas aqui e ali para falar da memória, do tempo presente, do que repete, do que insiste, do acontecimento, tendo como pano de fundo o estado de emergência tomado como método de uma escrita.

O momento do Encontro se aproxima e os trabalhos avançam a todo vapor. Os textos de orientação que seguem nesse Punctum testemunham a potência do trabalho em andamento. O texto de Lucíola Macêdo, que recebeu como título: “O analista, o real e a época – notas em progresso” foi extraído da sua fala em uma atividade na Seção Rio em 8 de agosto, que articulou o tema do Encontro ao das próximas Jornadas da Seção Rio sobre Lógicas Coletivas nos tempos que correm e vai muito além de algumas notas. É um texto de fôlego que percorre um amplo circuito, atravessando questões da maior urgência, sem recuar diante dos impasses e tensionamentos que fazem parte da problemática da época: racismo, segregação, coletivos, democracia, “assuntos de política” e questões de Escola. E conclui com uma pergunta que serve de provocação para nos relançar ao trabalho.

Marcus André Vieira, em “Os três (mais um) planos da presença do analista”, texto de orientação da maior relevância, desdobra e explora a fundo os diferentes níveis da presença do analista: o da transferência – seja ela amorosa ou negativa – o da interpretação, o “a mais” que se introduz entre um dizer e um dito, e mais ainda…. Vale conferir em uma leitura atenta!

Na rubrica Bibliografia e Ressonâncias trazemos as excelentes leituras que Paola Salinas e Rodrigo Lyra fizeram a partir dos trechos selecionados do ensino de Lacan sobre o sintoma como acontecimento de corpo e a dimensão política implicada aí, sobre os desafios atuais com a experiência do inconsciente, entre outros pontos colocados em destaque por eles. Leitura necessária.

Lembramos também que a cada edição do Punctum novos textos são incluídos na aba Textos de Orientação do site. “Presença do psicanalista como testemunha da perda” de Clotilde Leguil; “O impossível e o laço, o analista e a época”, relatório do eixo 3 apresentado por Margarida Assad; “Tempo, Corte e ato: O acontecimento analista” relatório do cartel responsável pelo eixo 2 apresentado por Maria do Rosário Collier do Rêgo Barrros e dois textos de Romildo do Rêgo Barros: “O Sentido e os seus dejetos” que foi lançado no último Boletim e “Sobre grupos” texto de 2009, que foi citado por Margarida Assad no relatório do eixo 3.

Boa leitura a todos!

Andréa Reis Santos


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